Trilha às Torres del Paine: 5º dia do Circuito W

Trilha realizada no dia 08/12/2010

Último dia de trilha no Parque Nacional Torres del Paine, a subida ao Mirante Las Torres é o momento mais aguardado por todos que visitam essa Reserva Mundial da Biosfera que se encontra na Patagônia Chilena.

Símbolo maior e responsável pelo nome dado ao Parque, as Torres del Paine são grandes blocos de granitos formados pela força do gelo glacial e a melhor vista dessas montanhas se obtém ao fim da trilha que leva a seu mirante que se encontra a quase 1000 metros de altitude.

Parte 1: Refúgio Torres ao Chileno

A primeira etapa da trilha possui 2 dificuldades principais: o grande desnível que se deve vencer no começo e o forte vento presente em determinados pontos da trilha.

Como mostra a foto abaixo com a placa indicativa da trilha, boa parte da distância percorrida no começo será numa subida, na qual em pouco mais de 1 hora de caminhada se avançará mais de 500 metros de altitude.

Placa indicando percurso durante a trilha

Após superar esse desafio inicial, ao mesmo tempo que o caminhante ficará deslumbrando com as vistas do Vale do Rio Ascencio, ele deverá tomar bastante cuidado ao caminhar pelo local, visto que a largura da trilha é pequena em certos pontos e os fortes ventos podem tornar o passeio bastante perigoso considerando o abismo que se encontra ao lado.

Por sorte não tivemos problemas com relação aos ventos ao passar nesse local, mas durante a trilha encontramos pessoas que relataram momentos de tensão ao passar por essa área, chegando ao ponto de terem que se deitar no chão para não serem levadas pelo vento.

Vale do Rio Ascencio

Vale ressaltar também que nesse trajeto se encontra o desvio para pegar o atalho para o Acampamento Los Cuernos. Como o próprio nome diz, esse atalho é uma forma de encurtar o caminho desde a trilha do Mirante Las Torres até o Vale do Francês e por isso não faz parte oficialmente do Circuito W.

Atalho para o Refúgio Los Cuernos

Parte 2: Refúgio Chileno ao Mirante Las Torres

Após uma parada para repor as energias no Acampamento Chileno, prosseguimos na trilha com destino ao Mirante Las Torres.

A trilha avança por dentro de um bosque a partir do Acampamento Chileno e segue sem grandes dificuldades, visto que não há grandes desníveis no caminho até a chegada do Acampamento Torres.

Placa próxima ao Acampamento Torres

Para chegar do Acampamento Torres ao Mirante Las Torres, prepare-se para uma forte subida em meio a um terreno muitas vezes traiçoeiro e que tende a ficar ainda mais perigoso em situações como a que tivemos que enfrentar: neve caindo sem dar trégua e se acumulando cada vez mais na trilha.

Bosque no caminho ao Mirante Las TorresVegetação branca pela neve

Como se observa nas fotos, o clima estava péssimo no dia que fizemos essa trilha: o frio era cada vez maior, a neve só aumentava com a proximidade do mirante e a visibilidade era mínima.

Como era esperado devido as condições climáticas, a vista que obtivemos no Mirante Las Torres foi na verdade de uma grande névoa. Em momento algum era possível avistar as Torres del Paine e, dessa forma, o máximo que se enxergava era a placa indicando o ponto onde seria o mirante e o lago formado pelo degelo.

Mirante Las Torres

A dica que deixo para àqueles que desejam conhecer esse maravilhoso Parque Nacional é decidir qual o sentido do Circuito W irão realizar apenas quando chegarem ao PN Torres del Paine.

Caso o dia esteja nublado, realizem o Circuito W no sentido inverso começando pelo Lago Grey, já que depois você terá uma nova oportunidade de avistar as Torres del Paine numa condição melhor.

No entanto, se o dia de chegada ao Parque estiver com o céu limpo, comece o Circuito W pelo sentido tradicional para avistar as Torres del Paine em sua plenitude logo nesse primeiro dia (como é possível ver nas fotos abaixo).

Torres del Paine Creative Commons License Crédito: Chadica

Torres del Paine CC License Crédito: MiguelVieira 

Uma outra dica é dormir no Acampamento Torres e depois subir ao mirante de madrugada para ver as Torres ao amanhecer. Apesar das dificuldades em ter que acordar muito cedo e fazer quase 1 hora de trilha na escuridão até chegar ao mirante, saiba que isso será recompensado com uma bela vista das Torres del Paine alaranjadas pelos primeiros raios solares que as atingem.

Trilha Cuernos – Torres: 4º dia do Circuito W

Trilha realizada no dia 07/12/2010

A expectativa para o penúltimo dia do Circuito W em Torres del Paine era de um dia semelhante ao 2º dia de caminhada: uma trilha com uma distância curta e com poucos desníveis, mas em troca muito esforço físico para carregar o mochilão durante todo o trajeto de mais de 11 km que separam o Refúgio Cuernos do Torres.

Vista dos Cuernos desde o Refúgio

Após tomar um café da manhã reforçado com uma bela vista para os Cuernos del Paine, foi chegada a hora de pegar novamente o mochilão e partir para realizar mais 4 a 5 horas de trilha desse penúltimo trecho do Circuito W.

Grande parte dessa trilha é realizada mais uma vez às margens do Lago Nordenskjöld, o que proporciona um encanto a mais durante a caminhada graças a beleza das águas de degelo do lago cercado por montanhas com picos nevados.

Lago Nordenskjöld

Ao contrário do que acontece nos percursos do Lago Grey ou do Vale do Francês, um ponto positivo nessa trilha do Parque Nacional Torres del Paine é que existem várias placas indicativas ao longo do caminho com informações de altimetria, distância percorrida até o momento e quanto falta a ser percorrido para a próxima marcação.

Pode parecer algo simples, mas esse tipo de informação ajuda muito aos caminhantes para que esses tenham uma ideia melhor a respeito do percurso a ser vencido, como também auxilia na força motivacional já que vencer vários pequenos trechos é mais fácil do que simplesmente pensar em um longo caminho (o famoso dividir para conquistar!).

1ª Placa indicativa e ponto mais alto durante a trilha

Um outro ponto muito questionado por quem realiza o Circuito W é se vale a pena utilizar-se do atalho do Refúgio Chileno e se existe uma boa indicação, já que a trilha desse atalho não é a oficial do Parque Nacional Torres del Paine.

Por não ter cortado caminho através desse atalho, posso afirmar que quem deseja utilizar o atalho não perderá nenhuma atração impactante (talvez até tenha vistas melhores nesse trecho já que o atalho possui grande desnível comparado ao caminho tradicional). Além disso, a sinalização do atalho é clara em ambas as extremidades desse atalho.

Início do atalho que leva ao Refúgio Chileno com vista ao Monte Almirante Nieto

Em resumo, serão vários quilômetros de trilhas margeando o Lago Nordenskjöld e com vistas maravilhosas do Monte Almirante Nieto, mas no geral, essa trilha serve mais como uma ligação entre 2 trilhas lindas (a do Vale do Francês e a da Torres del Paine) do que um caminho que se caracterize como ponto alto da viagem (mas já que há a necessidade de atravessá-la, porque não aproveitar e apreciar as paisagens também né?).

Lagoa no fim da trilha e vista do Lago Nordenskjöld ao fundo

Trilha ao Vale do Francês: 3º dia do Circuito W

Trilha realizada no dia 06/12/2010

Após um dia de caminhada no qual o maior desafio foi carregar uma mochila cargueira nas costas, já que a trilha do Acampamento Pehoé ao Cuernos era relativamente fácil, chegou o momento de realizar a trilha mais complexa dentre todos os 5 dias do Circuito W no Parque Nacional Torres del Paine na Patagônia Chilena.

A distância total desde o Refúgio Cuernos até o Mirante do Vale do Francês é de 13 km e, considerando que foi feito um bate-volta, o total percorrido no dia foi de 26 km.

Além disso, para complicar ainda mais a trilha, o Acampamento Italiano possui um desnível até o Mirante do Vale do Francês de 1.000 metros. Portanto, é necessário um grande preparo físico para aguentar a subida até a chegada ao Mirante e aguentar firme o impacto nos joelhos na volta devido a descida até o Acampamento Italiano.

Parte 1: Acampamento Cuernos ao Italiano

A primeira parte da caminhada serve quase como um aquecimento visto que essa trilha já havia sido feita no dia anterior. São 5,5 km de uma trilha em terreno com poucos desníveis e que nos brinda com a bela vista do Lago Nordenskjöld.

Lago Nordenskjöld

Como o foco principal nesse dia era o Vale do Francês e considerando que a caminhada seria longa, esse trecho foi feito rapidamente. No entanto, vale a pena parar em certos pontos para apreciar as incríveis paisagens ao longo dessa trilha. Mais detalhes desse trecho também podem ser vistos no relato do 2º dia do Circuito W.

Parte 2: Acampamento Italiano ao Britânico

A subida desde o Acampamento Italiano até o Britânico é sem dúvida a parte mais difícil a ser superada nesse 3º dia de trilha no Circuito W em Torres del Paine.

No total são apenas 5,5 km de distância como na Parte 1, no entanto a dificuldade desse trecho é bem maior, fazendo com que a trilha demore quase o dobro do tempo.

Acampamento Britânico

O início da trilha é pesado, sendo que se realiza praticamente uma “escalaminhada” entre pedras durante quase 1 hora. E como a caminhada se realiza entre pedras, para demarcar um caminho nesse local foi adotada uma técnica de amarrar fitas rosas nas pedras ou em galhos de árvores espalhados pelo trajeto.

A primeira grande atração durante a subida pelo vale é a vista do Glaciar do Francês. Apesar de ser bem menor comparado ao Glaciar Grey, o Glaciar do Francês impacta pela forma que se incorpora a paisagem do Cerro Paine Grande.

Glaciar do Francês

A subida parecia não ter fim e a cada novo passo dado, mais distante se podia ver e apreciar a beleza do Lago Nordenskjöld, assim como o tanto que já havia sido superado da trilha até o objetivo final que seria o Mirante.

Vista do Lago Nordenskjöld na subida ao Vale do Francês

Parte 3: Acampamento Britânico ao Mirante

Após uma parada para repor as energias no Acampamento Britânico, começamos a subida final até o Mirante do Vale do Francês.

São apenas 2 km que separam o Acampamento Britânico do Mirante e apesar da precária estrutura desse acampamento, muitas pessoas passam a noite nesse local justamente para poder observar o nascer ou o pôr do sol no mirante que se encontra a meia hora do acampamento.

Mirante do Vale do Francês

Chegar ao mirante é o último obstáculo dessa subida que ultrapassa os 1.000 metros de altitude, e a recompensa é um visual dos mais incríveis que a natureza pode proporcionar.

A primeira reação ao chegar no mirante é olhar para trás e se sentir realizado em ter chegado tão longe e tão alto. Desde o mirante é possível observar toda a beleza do Vale do Francês que foi percorrido por quase 10 km de uma dura subida.

Vista do Vale do Francês desde o Mirante

Mas o visual desde o mirante não se resume ao Vale do Francês. Desde o mirante é possível avistar uma imensa cadeia de montanhas que cerca todo o vale.

À direita de quem chega ao mirante é possível apreciar as montanhas que vão desde os famosos Cuernos del Paine e que se estendem pelos Cerros Máscara, Hoja e Espada.

Cerro Espada, Cerro Hoja, Cerro Máscara e Cuerno Norte

Já à esquerda de quem chega ao mirante é possível observar uma grande quantidade de montanhas, começando pelos Cerros Fortaleza e Escudo, passando pelos Cerros Cabeza del Índio e Aleta de Tiburón, e terminando nos Cerros Catedral e Castillo.

Cadeia de Montanhas vista desde o Mirante

Vale muito a pena ficar pelo menos 1 hora nesse mirante para admirar essa paisagem única que tive a sorte de ver in loco num belo dia de primavera, apesar das nuvens carregadas que se aproximavam rapidamente da região pouco antes do regresso a trilha com destino ao Refúgio Cuernos.

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